Caminhos alterados há anos, uma prova que aconteceria em Ubatuba teve, entre problemas burocráticos e a pandemia, a possibilidade para uma troca e um outro desafio.
A KTR Serra Fina é escolhida, e a distância de 30km mostra-se ideal para o perÃodo e as condições de treinos.
DIA 1
O plano de sair de casa às 5h, rumo à Passa Quatro/MG, é antecipado. A insônia tem ansiedade como maior causa.
Às 3h a viagem começa - e a magia do passeio não conta com um resmungo sequer das pequenas dorminhocas.
A pegadinha de sempre do GPS já não irrita. Caminho certo e apoio nas placas.
Pistas totalmente livres.
Por vezes, com um pouco de neblina.
O céu que demora à clarear.
E o sono - incontrolável - que quase estraga tudo. Obrigado Deus.
A BasÃlica de Aparecida.
Banheiro e café em Lorena.
O caminho velho da Estrada Real.
A subida gigantesca.
A placa da divisa dos Estados.
Chegada à pequena cidade, a semelhança com a querida Iguape salta aos olhos.
O Airbnb é honestÃssimo.
Primeiro passeio, Floresta Nacional. A subida de carro até o segundo estacionamento. Os últimos 500 metros em ótima trilha. O som já é perceptÃvel. Em minutos, o brilho. A cachoeira do Iporã, mesmo com seu poço artificial, é belÃssima. A baixa temperatura permite apenas que mamãe nos molhe.
Os idosos cariocas presumem que somos paulistas pela camisa verde.
Flamenguista e vascaÃno com piadas e sorrisos.
Playground particular.
Em um dos empórios diversos, degustação de queijo e doce de abóbora maravilhoso.
No centro, a indicação do Doce Sabor para almoço tradicional. Com forno à lenha e preço admirável.
Maju e os leões.
Ida à casa e momento incomum. LetÃcia fica acordada sozinha (não me lembro à quanto tempo não dormia em uma tarde).
Energia renovada, agora bem acordado, saÃda com muitos objetivos.
A retirada de kits é rápida - sou o primeiro.
As fotos na Estação de trem são, com certeza, o cartão postal de Passa Quatro. Lembranças em forma de comida.
Os ingressos para o passeio das meninas, amanhã.
O museu é adiado.
Subida na escadaria. Um gato proÃbe meu último fortalecimento. Do cemitério, a Serra impressiona.
Matriz de São Sebastião.
A atleta de Barueri.
Mais compras - diversas.
Pipoca com queijo. Chocolate quente. Pão de queijo. A senhora que perguntou para Madu sobre o piercing, durante a manhã, agora nos oferece vinho...
Touca para Maju.
Briefing sobre a corrida - será pauleira.
Jantar delicioso, em casa.
Banhos e rápida escuridão.
Roupas e bolsas preparadas.
Descanso.
DIA 2
Ao acordarmos, o olhar pela janela da cozinha mostra a montanha cheia de neblina. Incógnita. O clima em terras altas muda em questão de minutos.
Após o café, a saÃda é de prevenção contra o frio.
Mas, para alegria de todos, antes de estacionarmos, o sol já rompe as nuvens e promete fazer parte do dia.
Em frente a Matriz, os últimos minutos antes de nos separarmos por algumas horas, com objetivos diferentes, porém, conectados.
A chegada do vencedor da prova de 50km.
Os últimos exercÃcios.
A retirada do anorak da mochila.
O Palmeiras no peito.
E a largada para, ainda sem saber, o maior desafio esportivo destes 12 anos.
Os gritos delas são uma fonte de energia com poucos metros.
O primeiro quilômetro em área urbana permite se posicionar bem - pensando nas trilhas onde segue-se em fila...
InÃcio da subida, no quilômetro 2, a segunda pele e a balaclava já são descartadas. O corpo já está aquecido. O ritmo é ditado pela sensação de esforço. Nas inclinações maiores, a contagem de fitas de marcação - trota uma, anda uma. Passando o Mirante, no km 4, a paisagem já transforma a prova. Começam, a partir de agora incontáveis fotos e vÃdeos - e, consequentemente, muitas paradas.
Quase no km 8, talvez único ponto de internet estável - devido às casas na região.
Consigo falar com elas que já estão preparadas para o passeio. Mostro cavalos pra Maju.
Quilômetro 9. Com 1h30' (10 da manhã), Madu conta agora as aventuras que fizeram - com gigante contexto histórico...
Demos tchau para o papai, vimos o inicio da corrida e fomos para o carro guardamos algumas coisas e fomos a Casa da Cultura, infelizmente estava fechado então seguimos para estação, ouvimos as regras, fomos ao banheiro e embarcamos, a nossa guia explicou tudo o que precisava.
Começou o passeio, o trem começou a andar e as pessoas de fora ficaram dando tchau para gente eu, a Buli e a mamãe demos tchau tambem, vimos fazenda, cavalos, vacas e bois.
Chegamos na primeira parada Manacá, passamos no banheiro vimos as lojinhas e voltamos para o trem.
Continuamos vendo a paisagem e conversando até a segunda parada.
Segunda parada Coronel Fulgêncio, lá era o tunel da revolução de 1932 umas das partes mais sangrentas dessa revolução, chegando lá é bem frio, úmido e escuro, tiramos várias fotos e voltamos, percorremos o caminho de volta com música do violeiro, vendo a paisagem e conversando.
Chegando na estação, fomos almoçar só que não almoçamos "comida", almoçamos sorvete, fomos para o carro ficamos jogando e fomos a praça para esperar o papai.
Chegando na praça eu a mamãe e a Buli estavamos ansiosas e nervosas ficamos de olho e também conversando, algum tempo depois o papai já estava a nossa vista, chegando perto fomos terminar junto com ele, conseguimos passamos o pórtico com o papai, depois fomos comprar um sorvete para ele, e voltamos para o carro.
Enquanto elas fazem o passeio do Trem da Mantiqueira, chego ao ponto de abastecimento, no km 12.
Lugar farto, mas me alimento apenas de azeitona e Gatorade.
Passando o Ingazeiro, os staffs alertam sobre a dificuldade à seguir. A subida é interminável. A inclinação por vezes assusta. As pernas doem em todos os lugares. Meu pé esquerdo ameaça uma cãimbra - vira garra.
Perto da metade da prova, a subida por pedras de Quartzito. Escalada usando, muitas vezes, as mãos - talvez o bastão será uma aquisição válida, LetÃcia.
Uma pedra escapa e o cotovelo deixa meu DNA na montanha. A espera pelos atletas que estão retornando ajudam a recuperar um pouco das dores.
Menos de 500 metros pro cume. Alcanço o grande objetivo destes meses de treino. As imagens de desbravadores da Serra Fina, alcançando o ponto acima das nuvens, foi sempre a grande inspiração.
Das paisagens mais lindas que já avistei, os olhos marejam. O vento frio não é estorvo. E a refeição de Torcida com Coca Cola, sentado na pedra, é banquete.
O topo, com ganho de elevação de 1330, após mais de 16km, é a cereja do bolo.
O retorno deve ser cuidadoso. Mas as pernas não respondem na descida e tropeço nos mÃnimos obstáculos. Um capote ali seria desastroso - literalmente falando, devido ao penhasco - e opto pela lenta caminhada. Reposição no posto e direção à área urbana. Cada dor, cada fisgada é vencida pelo pensamento nas 3 que me esperam. E na última ligação, as vendo sentadas na escadaria da Igreja, me esperando, mostram que por elas consigo enfrentar qualquer obstáculo.
A ajuda à alguns corredores. Meu número que insiste em cair.
A vista do Objetivo ao som da Maria Fumaça.
A Praça. Última curva, encontro Madu e Maju no lugar combinado. Merecedoras, pois participaram da maioria da preparação, cruzam a linha de chegada. 32km em 6h30'.
Me premiam com a medalha. E com abraços. E beijos. E sorrisos. E sorvete gourmet.
EU AMO VOCÊS.
Banho rápido, hambúrguer e retorno pro Centro.
Visita ao Museu das Miniaturas - muito interessante (e, Madu, saiba que está no caminho certo. Siga se dedicando).
Pipoca com torresmo.
Descanso.
DIA 3
Última manhã em Passa Quatro. A ida ao Centro tem o objetivo de encontrar pastel de pinhão. Talvez na próxima.
Flor de Maple.
Na feirinha, plantadeira - vamos, LetÃcia.
A Maria Fumaça.
EquilÃbrio no pontilhão.
Playground.
Mix de doces.
Malas no carro.
Lasanha.
O retorno é de calma. Plenitude.
A luz da injeção e os policiais não abalam a paz.
As 4 horas de retorno já criam novos planos.
Que possamos criar mais histórias nas nossas vidas, LetÃcia.
Que consigamos abrir mais horizontes para Madu e Maju.
E que Deus nos abençoe na busca da superação de desafios.
Foi 'bão dimais da conta, sô...'.