O exigente calendário profissional mostra que a responsabilidade em ajudar as pessoas fará Letícia trabalhar até o dia 23/12.
O louco calendário futebolístico - aliado aos interesses televisivos - reserva para às 15:30h de uma quarta-feira a finalíssima do Campeonato Paulista Feminino, contra nosso histórico maior freguês.
Nossa conversa no carro já tem o NÃO como consolo. Mas a possibilidade de um milagre na semana de Natal deve ser considerada.
E, após o pedido de Madu, o silêncio por poucos segundos é quebrado pela pergunta se acho seguro. Seguido de uma intimada sobre proteção às pequenas.
Reviravolta.
Amanhã seremos apenas nós 3. O desfalque é inédito - desde 2012 mamãe já soma mais de uma centena de partidas, em estádios diversos - com direito até a madrugada em claro na Rodoviária. Com o recorte à partir do final de 2014, com a estréia de Madu, nunca as crianças tiveram apenas um adulto.
A aceitação gera sentimentos conflitantes. Automaticamente minha cabeça já está doendo. Feliz pela confiança e triste pela falta dela. Ansioso e preocupado. Seguro e aflito.
Não durmo desde às 3h mentalizando cada detalhe de como faríamos com time completo.
A garoa insistente antecipa nossa ida, imaginando o trânsito e a dificuldade em estacionar. Surpreendente tranquilidade e a 'vaga perfeita'.
Maju, que cochilou no carro - garantindo a tarde acordada - e Madu - madura na ajuda - dividirão comigo uma experiência nova. O futebol feminino do Palmeiras vive uma grande fase e, após a conquista da Libertadores, temos nossa primeira partida com apoio in loco.
Passagem rápida para banheiro no shopping.
Loja de brinquedos, mochilas, Iphone e caderno inteligente. On running.
A fila aguardando a abertura dos portões.
Os instrumentos da Mancha.
Garoa.
Doação de alimentos e o tradicional cumprimento ao PM.
Apenas 3 giros na catraca.
Copo do jogo.
Fotos enviadas para acalmar o coração - e a promessa que, dentro do que posso controlar, tudo será incrível.
Pipoca, refrigerante e vídeos.
Madu atualiza Instagram.
Maju exige a piscina do Palmeiras quando o Sol firmar - hoje inicia-se o verão.
Aos poucos, o público cresce.
A quantidade de crianças impressiona. E de estreantes no estádio - o questionamento do locutor revela que a entrada franca aproxima quem pouca chance tem em fazer parte.
Músicas. Hino.
Escalação. Bia Zanerato e Ary Borges são as mais aplaudidas.
O gol com menos de 30 segundos é anulado pelo VAR - mas a explosão é inesquecível.
Equilíbrio.
A chamada de vídeo no intervalo traz sorrisos.
Bia e Ary, na segunda etapa, aumentam o som. O 2x1 traz o Bicampeonato.
A música que provoca o Santos lembrando nossos feitos mesmo enfrentando Pelé arranca sorrisos de Madu - e, 8 dias depois, em casa, a tristeza pela morte do Rei do Futebol, maior referência brasileira no planeta. RIP🤴🏿
Os mais de 20 mil torcedores criam novo recorde.
Madu, após 4 anos, vê novamente uma taça. Maju desfruta desse momento pela primeira vez na vida.
Preferem admirar a volta olímpica perto do campo.
Milho e pescador.
As histórias contadas à mamãe - e seu rosto aliviado no nosso retorno.
Obrigado, Letícia. Foi um dos grandes dias da minha vida. Talvez também seja inesquecível pras nossas filhas. Mas, na boa, você faz muita falta. Mesmo ficando assistindo série ou exagerando nas críticas.
Em 2023, rezo para sermos nós 4 em todos.
Grandes planos - com loucuras envolvidas.
Vamos pra cima!